sexta-feira, agosto 19, 2011

À margem

“São apenas zumbidos”, pensou o homem que ouvia a proximidade com os caminhões da estrada que quase tocavam seu corpo.

Não sabia muito bem a razão de estar ali. Como das outras vezes, a estrada se mostrou atraente como nunca. Ele hesitou, mas achou que merecia arriscar mais uma vez. Caminhos novos iluminados por uma lua irretocável, curvas que levam a lugares onde ele nunca estará de fato. O pacote tentador de sempre.

E numa dessas curvas, ele se perdeu. Agora sente um gosto de fumaça de óleo diesel, fruto de um atropelamento que espera que aconteça.

Porque todo coração tem um camada de asfalto que precisa ser quebrada.