quinta-feira, novembro 15, 2007

Norte

Eu não sei mais o que escrever, essa é a verdade. Quando o carro ainda estava no macaco, a vagabunda tentou correr pela estrada – estupidez reservada apenas àquela galinha daquele velho vídeo game.

Depois, com o sexy appeal de um orangotango, se insinuou para o cara do guincho. Ri de forma amarela, coloquei um trocado no bolso do infeliz e consegui assim agilizar o fim daquela cena patética. Juro que tentei colocar alguns comprimidos de Rivotril esmagados numa garrafa de água para tentar fazer ela domir o sono dos injustos. Mas aquele pequeno inferno que ela carrega junto ao peito jamais se curvaria tão fácil.

Então, com o carro sendo guinchado por aquele caminhão velho, só nos restava fumaça de óleo diesel e silêncio. O céu passava lento pela janela.

Lento como cada dia perdido ao lado dela.