quinta-feira, dezembro 28, 2017

Pontual

Enfrenta sozinho a noite
porque teme morrer aos olhos de ninguém
Ao raiar do dia
desfila um sorriso inadequado por um cabaré que não é seu
Cerra os punhos
porque as unhas contra a carne oferecem a ideia fundamental
Olha nos olhos
Porque prometeu ao mundo que não seria como os seus

Um contorno familiar ao lado
Sombra acinzentada que descortina passados
Procura na hesitação do outro o seu projeto de futuro
Leia nessa mão desconhecida palavras nunca ditas
Ignora

Coração pequenino, tens pressa em confessar tua derrota
Apenas porque morremos

Porque o sol voltará amanhã
exigindo que ao menos
um
de nós
tente de novo

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* Com Carlos Drummond de Andrade e Ítalo Diblasi